Uma aventura nas alturas: conheça curiosidades e desafios do Pico da Neblina

17/01/2025 às 19h55
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Geólogo do SGB Gilmar Honorato compartilhou histórias e momentos marcantes da expedição

Divulgação/SGB

Brasília (DF) - Você sabia que a maior montanha do Brasil está no Amazonas? Sim, o majestoso Pico da Neblina, ou Yaripo (Montanha dos Ventos), como é chamado pelos Yanomamis, atinge 2.995 metros e é um símbolo de desafios, beleza e cultura. 

Localizado no coração da Amazônia - dentro do Parque Nacional Pico da Neblina e Terra Indígena Yanomami, no município de Santa Isabel do Rio Negro -, o Yaripo é muito mais do que uma paisagem deslumbrante, é uma verdadeira jornada de superação.

Divulgação/SGB

A recente expedição ao Yaripo, organizada e financiada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Núcleo de Gestão Integrada (ICMBio - NGI) Pico da Neblina -, reuniu pesquisadores e cientistas, entre eles o geólogo Gilmar Honorato, do Serviço Geológico do Brasil (SGB). Ele compartilhou histórias e momentos marcantes dessa missão. "Foi uma trilha difícil, com trechos de rochas, raízes, lama e frio intenso, mas também cheia de aprendizados e reconexões", contou.

Desafios e superação 

A expedição de 11 dias, sendo nove dias de trilha, começou com deslocamento por rios e estradas de terra, pernoite na comunidade indígena Maturacá, onde ocorreu ainda o benzimento pelos Patapë (anciões Yanomamis), até finalmente alcançar o início da trilha na foz do igarapé Tucano.

Divulgação/SGB

Daí em diante, o grupo enfrentou mudanças drásticas de clima — calor sufocante e umidade extrema nos primeiros dias, e temperaturas abaixo de 10ºC durante as madrugadas nas partes mais elevadas. "Carregar um mochilão de 12-15 kg, enquanto a chuva não dava trégua foi desafiador, mas cada passo valia a pena", lembrou Honorato.

Além das dificuldades, a viagem revelou curiosidades fascinantes: a região abriga quatro das vinte maiores montanhas do Brasil, incluindo o Pico Phelps (31 de Março), Pico da Cadorna e o MF BVBB/4. E, apesar da constante neblina que dá nome ao local, o grupo pôde contemplar o horizonte nas poucas horas de abertura - entre 7h e 9h e entre 17h e 19h.

Contato com povos originários 

Foto: Joana Sanchez

Mas a aventura não foi apenas sobre paisagens e esforço físico. O contato com os Yanomamis foi um dos pontos altos da missão. Os indígenas, que guiaram a equipe desde o porto de Yá Mirim, foram fundamentais para o sucesso da expedição. "Nossa equipe tinha 17 Yanomamis como guias, carregadores e cozinheiras. Sem eles, nada disso seria possível", ressaltou o geólogo, que já conhece a comunidade desde 2014.

Relevância científica 

A missão teve também um importante papel científico. Amostras de rochas foram coletadas para análise em laboratório, com o objetivo de desvendar a idade de formação das montanhas e enriquecer o escasso conhecimento geológico sobre a região.

Foto: Jessica dos Anjos

Além disso, os pesquisadores identificaram riscos geológicos, como um grande deslizamento recente na Serra do Baruri, que causou perdas significativas para uma comunidade próxima.

No fim das contas, o Pico da Neblina é mais do que um desafio físico ou um destino turístico. É um lugar onde a ciência se encontra com a cultura, onde cada passo é uma conexão mais profunda com a natureza e com as pessoas que ali vivem. 

"Voltei cansado, mas grato. Essa montanha tem o poder de unir pessoas e nos lembrar do quanto somos pequenos diante da grandiosidade da natureza", concluiu Honorato.

Simone Goulart
Núcleo de Comunicação

Serviço Geológico do Brasil
Ministério de Minas e Energia
Governo Federal
imprensa@sgb.gov.br 

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