A Carta Geomorfológica do estado, publicada pelo Serviço Geológico do Brasil, apresenta informações sobre características do terreno e da paisagem

Brasília (DF) – O Serviço Geológico do Brasil (SGB) publicou a Carta Geomorfológica do Estado de Santa Catarina, um produto inédito que apoiará o planejamento territorial contribuindo para o uso sustentável dos recursos naturais e para o desenvolvimento regional. Em um mapa, são sintetizadas – em escala de 1:250.000 – informações sobre as características do terreno e da paisagem, além da descrição dos padrões de relevo. 

“Fornecemos à sociedade um mapeamento sistemático e detalhado do relevo de Santa Catarina. Esse mapa poderá ser aplicado ao planejamento territorial, abarcando desde uma gestão racional das formas de ocupação do espaço urbano e de áreas rurais, com ênfase na prevenção de desastres e no aproveitamento do extraordinário potencial geoturístico em diferentes regiões”, explica o geógrafo Marcelo Dantas, coordenador do Programa Cartas Geomorfológicas.

Com o produto, é possível identificar, por exemplo, se determinada área tem aptidão para distintas atividades econômicas – como agricultura, expansão urbana ou turismo. Ou se, por outro lado, devido às fragilidades naturais, o terreno deve ser destinado à conservação ambiental com sua biota nativa. Além disso, as informações ajudam a identificar áreas suscetíveis a riscos naturais, como deslizamentos de terra, inundações e erosão do solo. 

Curiosidades sobre as paisagens de Santa Catarina

Dantas ressalta que Santa Catarina “é um estado fascinante quanto à sua diversidade geomorfológica”. No território, destacam-se as paisagens litorâneas: “O belo litoral – formado por praias, promontórios,  ilhas, restingas, dunas, lagunas e estuários – é derivado de uma complexa associação entre os afloramentos de rochas cristalinas e planícies costeiras desenvolvidas ao longo dos períodos de avanço e recuo do nível do mar nos últimos 120.000 anos”, descreve o geógrafo. 

Promontórios também conhecidos como cabos, são saliências rochosas de relevo acidentados que se projetam mar adentro ao longo da costa. Os promontórios, frequentemente, ancoram os arcos de praias, delineando o traçado atual do litoral.

Outra paisagem que chama atenção é a Serra Geral, com vertiginosas escarpas (terrenos íngremes) com mais de 1.000 metros de desnivelamento, esculpidas por rochas vulcânicas originadas pela ruptura do supercontinente Gondwana e a abertura do Oceano Atlântico. “Em Santa Catarina, há também o aprofundado Vale do Rio Itajaí, ocupado por pitorescas cidades e que merece uma especial atenção quanto à prevenção de desastres , em especial, deslizamentos, enxurradas e inundações”, afirma Dantas.

O Planalto dos Campos Gerais abriga os picos mais altos do estado (acima de 1.500 metros de altitude) e as cidades mais frias do Brasil, como São Joaquim e Urubici. Já no interior de Santa Catarina, estão os planaltos de Lajes, Caçador, Chapecó ou Campo-Erê, com graus distintos de dissecação (ondulações provocadas por processos geológicos, como erosões fluviais) e aptidão para diversas formas de ocupação e aproveitamento econômico.

As informações consolidadas no produto foram obtidas a partir dos mapeamentos de padrões de relevo realizados no âmbito do Programa Cartas Municipais de Suscetibilidade a Movimentos de Massa, Enxurradas e Inundações (escala 1:25.000). Essa iniciativa foi elaborada pelo SGB, em convênio com o Governo do Estado de Santa Catarina, nos anos de 2018 e 2019.

Larissa Souza
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