Visita científica na China fortalece pesquisas do SGB na área de hidrologia isotópica
Visita científica na China fortalece pesquisas do SGB na área de hidrologia isotópica
O pesquisador do SGB Roberto Kirchheim participou, entre 10 e 24 de outubro, de atividades do projeto de Cooperação Técnica (TC) executado pelo Programa de Isotopia Aplicada à Hidrologia do SGB e financiado pela Agência Internacional de Energia Atômica
Brasília (DF) – O Serviço Geológico do Brasil (SGB) está conhecendo iniciativas internacionais para fortalecer as pesquisas na área de hidrologia isotópica. Entre 10 e 24 de outubro, o pesquisador do SGB Roberto Kirchheim realizou visita e capacitação científica nos laboratórios do Grupo de Excelência em Análises Isotópicas da Universidade de Ciência e Tecnologia da China (USTC) e ao Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia em Hefei, na Província de Anhui na China. Laboratório de Laser para Análise de Traços e Medições de Precisão do Centro de Excelência em Informação Quântica e Física Quântica da USTC.
O referido grupo chinês é referência mundial no desenvolvimento de técnicas avançadas para medição de isótopos de gases nobres, fundamentais para estudos sobre a idade e a dinâmica das águas subterrâneas. “O intercâmbio com este grupo de pesquisa de ponta abre portas não somente para seguir analisando as amostras de águas subterrâneas e marinhas brasileiras, mas para fortalecer os propósitos e as capacidades analíticas do SGB no tema”, enfatizou Roberto Kirchheim.
Equipamento inovador
Na USTC em Hefei foi planejado, construído e encontra-se em operação o equipamento denominado ATTA (Atom Trap Trace Analysis), utilizado para realizar as análises dos isótopos de 85Kr, 39Ar e 81Kr em amostras ambientais (água, gelo e ar). O ATTA baseia-se na manipulação a laser de átomos neutros para capturar e detectar seletivamente átomos individuais do isótopo desejado. Esse equipamento atinge a sensibilidade, a seletividade e a eficiência necessárias empregando uma variedade de técnicas em óptica atômica, aprisionamento e resfriamento a laser, entre as quais a armadilha magneto-óptica (MOT) desempenha um papel central.
Estes três isótopos de gases nobres presentes em pequeníssimas concentrações no ambiente possuem tempos de vida de diferentes ordens de magnitude e são importantes traçadores de idades em complementação ao 14C. Análises rotineiras desses isótopos impulsionam sobremaneira o conhecimento de processos na hidrologia, oceanografia e glaciologia.
Avanço das pesquisas brasileiras
Os pesquisadores do Programa de Isotopia Aplicada do SGB se especializaram nas técnicas envolvendo uso de gases nobres na hidrogeologia e trabalham para aplicá-las em diferentes aquíferos do país. “Conhecer os tempos de residência (idades) das águas subterrâneas é fundamental para interpretar a dinâmica destes reservatórios e melhor definir as políticas públicas de uso sustentável”, enfatiza o pesquisador Roberto Kirchheim.
O SGB já aplica métodos isotópicos de gases nobres em estudos sobre aquíferos nacionais, como o Sistema Aquífero Guarani (SAG), um dos maiores do mundo. Parte das amostras coletadas recentemente pelo SGB no sudoeste do SAG foi analisada nestes mesmos laboratórios com o uso da tecnologia ATTA.
O SGB e o Grupo de Pesquisa Chinês planejam pesquisas futuras conjuntas, incluindo a coleta, pelo SGB, de ar atmosférico para a medição de 85Kr (como forma de melhorar ainda mais as determinações de idades em água) e medição pioneira de 41Ca nas águas dos principais rios amazônicos como forma de avaliar o balanço iônico dos metais nos oceanos.
Larissa Souza
Núcleo de Comunicação
Serviço Geológico do Brasil
Ministério de Minas e Energia
Governo Federal
imprensa@sgb.gov.br