Pesquisa revela aumento da concentração de elementos potencialmente tóxicos em afluente do Rio Tocantins, no Pará

30/05/2023 às 00h00
 | Atualizado em: 01/03/2024
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Piora na qualidade da água está associada à extração ilegal de minérios na Província Mineral de Carajás

Fotografias mostram o impacto da mineração (Fonte: autor do artigo)

A concentração de elementos químicos potencialmente tóxicos aumentou nos últimos seis anos, em algumas regiões da bacia do Rio Itacaiúnas, afluente do Rio Tocantins, no Pará. O cenário está associado à extração mineral ilegal de ouro e manganês na Província Mineral de Carajás. A conclusão é parte de estudo realizado por pesquisadores do Instituto Tecnológico do Vale (ITV), Serviço Geológico do Brasil (SGB), Universidade Federal do Pará (UFPA) e Universidade Federal da Amazônia (UFAM), em parceria com cientistas da Universidade Central de Punjab, na Índia. O artigo foi publicado em abril na revista “Environmental Pollution”. De 2017 a 2022, os pesquisadores avaliaram os componentes físico-químicos e biológicos das águas e sedimentos da bacia em 50 pontos de coleta. Ao comparar as amostras, verificaram que a qualidade da água para consumo humano piorou nas áreas impactadas pelo garimpo ilegal de ouro, no curso dos rios, e de manganês, na Serra do Sereno. A partir de imagens de satélites, os pesquisadores constataram que no período as “cicatrizes” deixadas pelo garimpo aumentaram em 2.883%. A área corresponde a 1.500 hectares, o equivalente a 2.100 campos de futebol.
Áreas em vermelho indicam aumento da atividade ilegal na região (Fonte: autor do artigo)

“Antes de 2020, não havia indícios claros de contaminação, mas depois vimos uma discrepância absurda: redução da qualidade da água e aumento das concentrações de elementos potencialmente tóxicos, acima dos valores de referência que, por questões naturais, já são elevados na região”, ressalta o pesquisador-adjunto no grupo de Geologia Ambiental e Recursos Hídricos do ITV, Gabriel Salomão, autor principal do estudo. Contaminação da cadeia alimentar – Entre os elementos identificados nas águas, estão: manganês, alumínio, bário, chumbo, ferro, cobre, cobalto, cromo, níquel, vanádio e zinco. Os níveis estão acima dos limites regulatórios para uso de água doce do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e para consumo humano do Ministério da Saúde. O pesquisador do SGB e coautor do estudo, Eduardo Marques, explica que os elementos químicos chegam até os rios devido ao processo de lavra mineral: “Para a extração do minério, começam a escavar e destruir o solo. Por essas erosões, passam a água da chuva, que leva rejeitos até o corpo de água mais próximo. Além de contaminar a água superficial, também afetam a água subterrânea”. Marques acrescenta também que “dissolvidos nas águas e ingeridos por animais, esses metais contaminam toda a cadeia produtiva alimentar através da bioacumulação”. O pesquisador é geoquímico da Divisão de Geoquímica (DIGEOQ) do Departamento de Recursos Minerais (DEREM) da Diretoria de Geologia e Recursos Minerais (DGM) do SGB. O trabalho de monitoramento da bacia do Rio Itacaiúnas continuará, com a ampliação dos pontos de coleta para 70.
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