Introdução sobre o tema no Serviço Geológico do Brasil

Os mapas geológicos tridimensionais são uma extensão dos mapas geológicos em duas dimensões (2D) tradicionais, inserindo a variável profundidade (Z) da terceira dimensão (3D) no objeto de estudo. Esses mapas retratam, de forma aproximada, a geologia em subsuperfície, mostrando profundidades, espessuras e propriedades físico-químicas dentro de um espaço volumétrico.

Na última década ocorreram inúmeros progressos na área de modelagem geológica no Serviço Geológico do Brasil (SGB), onde se estabeleceram relações de trabalho entre as diversas áreas de atuação, na qual foram desenvolvidos métodos dentro da estrutura organizacional, para transição do mapeamento 2D para 3D.

Em razão disso, criou-se um programa denominado Modelagem 3D Brasil, destinado a padronizar, no SGB, as ferramentas e metodologias, procurando a integração de dados geocientíficos em ambiente 3D para melhorar a compreensão geológica do país.

Histórico

Aplicações e Vantagens

Conceito Geral

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Urucuia Ponta Grossa Urucuia Ponta Grossa

Sub-bacia Urucuia

O modelo geológico tridimensional da Sub-bacia Urucuia foi construído no software Leapfrog, utilizando dados de seis (6) poços da ANP, setenta e dois (72) poços da rede RIMAS e seiscentos e quarenta e cinco (645) poços cadastrados na rede SIAGAS, resultando em um total de setecentos e vinte e três (723) poços. Além disso, foram utilizadas interpretações de perfis sísmicos, gravimétricos, magnetotelúricos e de eletrorresistividade.

A partir das interpretações realizadas em cada uma das seções, juntamente com as informações dos furos mais profundos, foi possível modelar a superfície de topo do embasamento paleoproterozoico em diferentes regiões da bacia. A geração da superfície permitiu a obtenção do sólido 3D do embasamento, o qual em seguida foi compartimentado pelas grandes estruturas identificadas nas seções geofísicas. O conjunto de quinze (15) falhas modeladas, juntamente com a obtenção do sólido 3D do embasamento resultou na construção do arcabouço estrutural da bacia, o qual condicionou a deposição dos estratos sobrepostos que compõem os grupos Bambuí, Areado e Urucuia.

O modelo gerado permitiu a visualização e o entendimento da distribuição espacial e a continuidade de cada uma das unidades modeladas. De modo geral, é possível observar um aprofundamento do topo do embasamento no sentido oeste, o que coincide com as zonas de maior espessura da Sub-bacia Urucuia e, respectivamente, do aquífero Urucuia.

A modelagem estrutural 3D da Sub-bacia Urucuia deverá servir como a base para estudos futuros de fluxo d’água, na identificação de barreiras hidráulicas, além de modelagens numéricas de recarga e reserva do aquífero.

 

Arco de Ponta Grossa

Este estudo buscou elaborar um modelo geológico regional tridimensional da mega estrutura tectônica Arco de Ponta Grossa (APG). Abrangendo toda a crosta (superior, intermediária e inferior), desde a superfície e até a descontinuidade de Mohorovicic-MOHO (limites entre manto litosférico e crosta), a fim de criar um método para fluxos de trabalho na elaboração de modelos 3D, com dados espaciais em múltiplas escalas.

O modelo foi confeccionado no software Leapfrog Geo e utilizou-se da cartografia geológica pré-existentes (seções/mapas), de sondagens de poços, de levantamentos geofísicos (tomografia sísmica, magnetotelúricos e gravimetria) e do modelo crustal global (Crust 1.0).

Ao final, foi possível caracterizar a subsuperfície da área de estudo gerando os modelos de oito domínios geológicos: os terrenos Apiaí, Embu, Curitiba, Luís Alves e Paranaguá, o bloco Paranapanema, a Bacia do Paraná e a Província Ígnea Paraná-Etendeka. Conseguiu-se a subdivisão em níveis crustais (crosta superior, intermediária e inferior) e avaliando seu comportamento com os principais lineamentos: i) Rio Piquiri ao sul; ii) a charneira principal do Arco de Ponta Grossa (APG) entre os lineamentos Rio Alonzo e São Jerônimo-Curiúva, na parte central onde ocorre a maior concentração do enxame de diques; e iii) lineamento Guapiara ao norte, com menor concentração do enxame de diques.

Como resultado da modelagem observa-se que a configuração atual da megaestrutura tectônica APG relaciona-se aos processos de níveis crustais mais profundos da crosta continental. A profundidade média estimada para cota de Moho através de diferentes escalas e métodos, confirma a vergência regional em direção SE para NW com valores escalonados de -39.21 km a -34.29 km entre os domínios geológicos delineados.

O método magnetotelúrico apresentou resultados positivos na delimitação do Bloco Paranapanema com o Terreno Apiaí, localizado abaixo da Bacia do Paraná, mesmo com a existência de extensos derrames basálticos, o que dificulta a utilização de métodos sísmicos.