Unesco avalia chancela de geoparque no RS com proposta do Serviço Geológico e Petrobras

26/10/2022 às 00h00
 | Atualizado em: 01/03/2024
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Dois avaliadores da agência da ONU estão nesta semana no Geoparque Quarta Colônia, no Rio Grande do Sul, e poderão conceder a chancela ao território que abrange nove cidades
Pesquisadores do Serviço Geológico do Brasil acompanham comitiva para chancela da UNESCO em geoparque no Rio Grande do Sul. Foto: Andrea Sander/ SGB-CPRM
O Brasil poderá ganhar, em breve, mais uma importante chancela da agência especializada da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) com o reconhecimento de um novo Geoparque Mundial. Dois avaliadores do órgão, um geógrafo espanhol e uma geóloga uruguaia, estão nesta semana percorrendo nove municípios do Rio Grande do Sul que formam o aspirante Geoparque Mundial Quarta Colônia, que teve a proposta elaborada em 2009 por pesquisadores do Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM) e da Petrobras.
Os Geoparques Mundiais da UNESCO são áreas geográficas unificadas, onde sítios e paisagens de relevância geológica internacional são administrados com base em um conceito holístico de proteção, educação e desenvolvimento sustentável envolvendo as comunidades locais. O Geoparque Quarta Colônia teve a proposta elaborada em 2019, segundo explica o geólogo Michel Marques Godoy, do SGB-CPRM, que acompanha a comitiva da UNESCO durante esta semana no Rio Grande do Sul. A região apresenta rica fauna e flora fossilífera, com destaque para os fósseis do período Triássico, marcando o surgimento de vários grupos de organismos terrestres, entre eles os dinossauros mais antigos já registrados, com registro no Guinness World Records, além de mamíferos e da evolução das coníferas.
“A proposta começou a partir de uma demanda regional. Recebemos a visita de representantes dos municípios que compõem a Quarta Colônia na Superintendência do SGB em Porto Alegre e nos solicitaram a elaboração da proposta, que foi pioneira. Realizamos o mapeamento geológico e a pesquisa do patrimônio paleontológico, um trabalho que posteriormente evoluiu para a atual proposta, em forma de dossiê, encaminhada para a chancela da UNESCO. Foi um trabalho que envolveu profissionais das áreas de mapeamento e paleontologia, de grande qualidade e que está dando resultados. Estamos recebendo a visita após dez anos e isso representa o coroamento”, disse Godoy.
Geólogo Michel fala aos avaliadores da UNESCO sobre a geologia do geossítio Morro do Grappa, no município de Ivorá
Além do geólogo, também participaram da elaboração da proposta a geóloga Raquel Barros Binotto e o paleontólogo Rafael Costa da Silva, também do SGB-CPRM, e o geólogo Henrique Zerfass, da Petrobras. O Geoparque Quarta Colônia se localiza na região central do Rio Grande do Sul e é formado por nove municípios: Agudo, Dona Francisca, Faxinal do Soturno, Ivorá, Nova Palma, Pinhal Grande, Restinga Seca, São João do Polêsine e Silveira Martins. A região está sendo avaliada pelo geógrafo Ángel Hernández Sesé, da Espanha, pela geóloga Helga Chulepin, do Uruguai).
A geóloga Andrea Sander, que também representa o Serviço Geológico do Brasil na comitiva que acompanha a avaliação no Rio Grande do Sul, destaca outras peculiaridades do aspirante a Geoparque Mundial. “Além dos terrenos onde se encontram fósseis animais ou vegetais de forma expressiva, também se destacam as características geomorfológicas da região, observando-se o contraste entre uma zona mais rebaixada e com relevo suave, na parte sul, e uma porção mais elevada e com relevo mais acentuado, ao norte, marcando a transição entre a Depressão Periférica e o Planalto da Serra Geral”, detalha a geóloga.
Sander acrescenta que “todo esse patrimônio fossílifero, de grande importância científica, está emoldurado por paisagens de grande beleza natural, com rios, cascatas e morros que proporcionam vistas incríveis”. “A região ainda apresenta uma mescla de culturas, com colonização italiana e alemã, os africanos que vieram escravizados, somadas aos povos originários, resultando em uma gastronomia exuberante”, completa.
Atualmente, existem 177 Geoparques Mundiais da UNESCO em 46 países, sendo três deles no Brasil: Araripe (entre Pernambuco e Piauí), Seridó (Rio Grande do Norte) e Caminhos dos Cânions do Sul (entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul), os dois últimos com propostas também elaboradas com base no trabalho de pesquisadores do SGB-CPRM. Saiba mais no link: https://pt.unesco.org/fieldoffice/brasilia/expertise/earth-science-geoparks
Lucas Alcântara
Núcleo de Comunicação Serviço Geológico do Brasil Ministério de Minas e Energia Governo Federal lucas.estevao@sgb.gov.br imprensa@sgb.gov.br

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