Pesquisas sobre o Aquífero Guarani contribuem para a gestão de um dos maiores reservatórios de água doce do mundo 

09/09/2024 às 20h04
 | Atualizado em: 13/09/2024 às 21h48
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Geóloga do SGB apresenta, no Congresso Mundial de Águas Subterrâneas, trabalhos que ampliam a compreensão sobre o aquífero e podem inspirar projetos internacionais

Foto: SGB/Divulgação 

Suíça – No Congresso Mundial de Águas Subterrâneas 2024 (World Groundwater Congress, ou WGC, na sigla em inglês), que ocorre em Davos, na Suíça, o Serviço Geológico do Brasil (SGB) apresenta estudos sobre o Sistema Aquífero Guarani (SAG), com técnicas de hidrologia isotópica que ajudam na compreensão do ciclo da água. As pesquisas ampliam o conhecimento sobre um dos maiores reservatórios de água doce do mundo e apoiam a construção de um modelo de gestão de recursos hídricos que pode vir a ser exemplo internacional. 

“O SAG é um dos maiores aquíferos porosos do mundo e ocupa parte dos territórios de Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina. Abastece, no Brasil, mais de 15 milhões de pessoas, tanto em grandes centros urbanos como em regiões rurais. O SAG é um dos poucos aquíferos transfronteiriços no mundo que possui um tratado de cooperação assinado por todos os países que o compõem, traduzindo-se em um exemplo para a gestão de recursos hídricos em perspectiva mundial”, destaca a pesquisadora do SGB Isadora Kuhn, suplente no Comitê Diretor dos Hidrogeólogos em Início de Carreira da Associação Internacional de Hidrogeólogos (ECHN/IAH).

Trabalhos científicos

Na segunda-feira (9), Isadora Kuhn apresentou o trabalho “Caracterização Hidrogeoquímica do Setor Sul do Sistema Aquífero Guarani: Insights sobre Dinâmica de Fluxo e Processos de Mistura”. A obra contribui para identificar, caracterizar e quantificar os mecanismos de fluxo, recarga e misturas verticais do sistema aquífero – as áreas de recarga do SAG se restringem a 10% da superfície. “Esse estudo é inovador porque traz uma abordagem quantitativa dos processos de mistura de águas, sendo importante para o reconhecimento de que modificações substanciais nas condições do aquífero podem levar à contaminação do SAG por ascendência de águas mais profundas muito mineralizadas”, explica a pesquisadora.

O trabalho integra dados do Brasil e da Argentina, contribuindo para uma “perspectiva integral sobre as dinâmicas do aquíferos, não se limitando às fronteiras políticas”, enfatizou Isadora Kuhn. Ela complementa: “ Iniciativas científicas multinacionais reasseguram e reforçam o marco político de gestão internacional assinado pelos quatro países que compartilham o sistema aquífero”.

Na sexta-feira (13), a pesquisadora apresentará o trabalho “Novas Descobertas Usando Isótopos de Gases Nobres no Sistema do Aquífero Guarani na América do Sul”, que traz uma perspectiva histórica das aplicações de gases nobres para estudos do SAG no Brasil, apresentando parte dos resultados de pesquisas realizadas pelo hidrogeológo do SGB Roberto Kirchheim. 

“Dentre as muitas informações que a análise pode fornecer, está a quantificação do tempo de residência médio das águas, que dá noções sobre a sustentabilidade das águas subterrâneas (taxas de recarga e tempo de fluxo). E, também, o cálculo de temperaturas de recarga, que permitem a  compreensão sobre como as mudanças climáticas afetam o ciclo hidrológico”, detalha Isadora Kuhn. 

Troca de experiências

A expectativa de Isadora Kuhn com o Congresso Mundial de Águas Subterrâneas é trocar experiências com outros pesquisadores, especialmente sobre abordagens isotópicas. Ela também busca estreitar os diálogos com pesquisadores do Instituto Federal Suíço de Ciência e Tecnologia Aquática (Eawag) – que desenvolveram equipamento de medição portátil de gases nobres (MiniRUEDI) – e com representante da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). “Temos um acordo de cooperação técnica com a AIEA para compra do equipamento para o SGB. Enquanto estive em meu doutorado-sanduíche, recebi treinamento para o uso do mesmo, e sua aplicação em grandes aquíferos brasileiros terá um impacto enorme no conhecimento hidrogeológico do país”, enfatiza a pesquisadora. 

Maior evento internacional sobre águas subterrâneas

Foto: SGB/Divulgação

Esse congresso – organizado pela Associação Internacional de Hidrogeólogos (IAH, na sigla em inglês) –  é o principal evento do mundo sobre águas subterrâneas. Participam a comunidade científica, membros da indústria (empresas do setor), administração pública, bem como organizações internacionais e agências de desenvolvimento. 

A comitiva do SGB é formada pelos(as) pesquisadores(as): Daniele Tokunaga Genaro, Eliel Martins Senhorinho, Isadora Aumond Kuhn, Idembergue Barroso Macedo de Moura e Marcos Alexandre de Freitas, da Diretoria de Hidrologia e Gestão Territorial (DHT).

 

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