Geoparque Uberaba busca reconhecimento da Unesco para entrar na Rede de Geoparques Globais

24/08/2023 às 00h00
 | Atualizado em: 01/03/2024
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Inventário do patrimônio geológico, elaborado pelo Serviço Geológico do Brasil, contribuiu para embasar a proposta de candidatura

Geossítio Cachoeira da Fumaça no Geoparque Uberaba (Foto: SGB)
O Brasil pode ter mais um representante na Rede de Geoparques Globais da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Está em análise a proposta do “Geoparque Uberaba: Terra de Gigantes”, no Triângulo Mineiro, em Minas Gerais. O anúncio de novos territórios chancelados é previsto para maio de 2024. Ao ser reconhecida como geoparque global, a unidade ganha visibilidade e notoriedade internacionais. Geoparques são locais que conservam patrimônios geológicos importantes para contar a história evolutiva do planeta. O status também impulsiona o desenvolvimento econômico sustentável da região, pois potencializa o geoturismo, de modo a impactar toda a cadeia produtiva de comércio e serviços. O dossiê de candidatura foi embasado por pesquisas do Serviço Geológico do Brasil (SGB), no âmbito do Projeto Geoparques do Brasil. No ano passado, pesquisadores do SGB concluíram o inventário dos geossítios e sítios da geodiversidade do local. Os resultados são apresentados no estudo: Uma Contribuição à Proposta Geoparque Uberaba: Terra de Gigantes, disponível aqui. No relatório, os pesquisadores realizaram o inventário de 31 geossítios e sítios da geodiversidade, dos quais cinco possuem relevância internacional, seis relevância nacional e 20 relevância regional/local. A grande maioria dos sítios possui alta relevância para o uso educativo e geoturístico, conforme indica o documento. Esse trabalho foi realizado a pedido da Comissão de Geoparques da Sociedade Brasileira de Geologia (SBG) para aprofundar o conhecimento sobre o patrimônio geológico do município mineiro. As pesquisas, iniciadas em 2021, deram continuidade ao estudo publicado em 2012, no volume I do livro “Propostas Brasileiras de Geoparque” do SGB.
Terra dos dinossauros

Reconstituição do Uberabatitan ribeiroi em vida (Paleoarte de Rodolfo Nogueira)
Quanto à relevância geocientífica, o Geoparque Uberaba é destaque pelo caráter paleontológico, por abrigar fósseis de dinossauros, conforme explica o pesquisador em geociências do SGB Marcelo Dantas, um dos autores do estudo. “Em Uberaba, nós temos alguns dos mais importantes sítios fossilíferos do Cretáceo Superior (período compreendido entre 80 milhões e 66 milhões de anos) da América do Sul. Nós temos fósseis de dinossauros de grandes dimensões na região. Por exemplo, o saurópode titanossauro (Uberabatitan ribeiroi), com mais de 20 metros de comprimento, além de grandes carnívoros terópodes, como o Abelissauro (Abelisaurus comahuensis ), com cerca de 8 metros de altura”, afirma. O Uberabatitan ribeiroi é o maior dinossauro brasileiro e um dos últimos titanossauros do planeta. Na região, também foi feita a descoberta do primeiro ovo de dinossauro da América do Sul e, no geossítio Peirópolis, foram identificadas ninhadas de ovos, praticamente intactas. Além da paleontologia, o estudo do SGB apresenta inventário de geossítios nos temas: vulcanismo, estratigrafia e sedimentologia, geomorfologia, hidrogeologia e patrimônio geomineiro. A proposta de geoparque também se baseou em outros dois atributos históricos e culturais para indicar a representatividade internacional. Um deles é que Uberaba é considerada a “capital mundial do Zebu”, devido ao potencial agropecuário para criação desse tipo de gado. Além disso, a cidade também foi onde viveu o líder espírita Chico Xavier.
Caminho para a chancela

A chancela de Geoparque Global da Unesco demanda um longo processo, que envolve a participação de pesquisadores, autoridades e comunidades locais e regionais. Os trabalhos vêm sendo realizados há 13 anos. A primeira referência ao Projeto Geoparque Uberaba ocorreu em 2010 – “Proposta de Criação do Geoparque Uberaba Terra dos Dinossauros – Uberaba (MG)”, apresentada na 1ª Conferência Latino-Americana e Caribenha de Geoparques, no Geoparque Araripe (CE). Os trabalhos foram distribuídos em oito eixos temáticos: Geologia e Geoconservação, Gestão, Geoturismo, Patrimônio Cultural, Patrimônio Natural, Comunicação, Educação Ambiental e Desenvolvimento Econômico Sustentável. Em novembro de 2022, após a assinatura da “Carta de Intenções do Projeto Geoparque Uberaba – Terra de Gigantes”, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) enviou à Unesco o dossiê do projeto. Assim, a unidade passou para a categoria de “aspirante”. Em junho deste ano, representantes da organização visitaram o geoparque para realizar avaliação no território. “Será levado em consideração não só o potencial geocientífico, mas de que forma o geoparque está organizado do ponto de vista de governança e se existe uma equipe capaz de gerir a unidade para promover o desenvolvimento local sustentável, com base no turismo geocientífico”, esclarece o pesquisador do SGB Dantas. Em 2024, a Unesco enviará a resposta sobre o pedido de candidatura. A designação de Geoparque Global é concedida por um período de quatro anos. Após esse prazo, os geoparques passam por um processo de revalidação, em que são novamente avaliados o funcionamento e a qualidade de cada unidade. Veja também:

>>Geoparques Quarta Colônia e Caçapava do Sul entram para Rede de Geoparques Globais da Unesco

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