Estudos de geologia médica contribuem para diagnóstico e tratamento de doenças

09/05/2023 às 00h00
 | Atualizado em: 01/03/2024
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Serviço Geológico do Brasil realiza pesquisas para identificar a distribuição de elementos químicos e gerar conhecimento qualificado para promoção da saúde
Medidor de vazão acoplado a haste do micromolinete Fonte acervo do projeto (Atlas Geoquímico Sul de Santa Catarina,2022)
A atuação do Serviço Geológico do Brasil (SGB) contribui para promoção da saúde pública. Por meio do Programa Nacional de Geoquímica Ambiental e Geologia Médica (PGAGEM), são desenvolvidos estudos que permitem descobrir causas ambientais para problemas de saúde conhecidos. As pesquisas também contribuem para identificar anomalias geoquímicas em solos, sedimentos e água que geram riscos, com potencial de causar doenças.
O pesquisador do SGB e coordenador do PGAGEM, Cássio Silva, cita como exemplo o caso de crianças de São Francisco (MG), que foram diagnosticadas com fluorose dentária, uma doença bucal que afeta a formação dos dentes. Após estudos feitos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pesquisadores identificaram que os episódios estavam relacionados a poços de água com valores elevados de flúor. “A partir dessa informação, foi possível sugerir uso de filtros com carvão ativado para reter parte do flúor. Anos depois, diminuiu sensivelmente o número de casos com fluorose”, explicou.
Por outro lado, os estudos permitem encontrar elementos que auxiliem no tratamento de doenças. Um exemplo é o projeto Germânio-Lítio, desenvolvido pelo SGB em parceria com a Embrapa, para encontrar áreas com potencial para produção dos elementos. O germânio já tem sido usado na área médica, em especial na medicina ortomolecular, para prevenção, tratamento e redução dos danos de doenças degenerativas. Já o lítio tem sido indicado para tratar transtorno bipolar e doenças neurodegenerativas.
Elementos químicos presentes no dia a dia – Esses elementos químicos, que impactam a saúde humana e animal, são formadores de rochas e solos, estão espalhados pelo território e fazem parte do nosso dia a dia. Alguns deles, no teor adequado, são essenciais para manutenção da vida e chegam até os humanos e animais pelo consumo de água e alimentos.
Entre os elementos benéficos estão: cálcio, cloro, magnésio, potássio, ferro e zinco – a falta de zinco, por exemplo, está associada a baixa estatura. Há ainda aqueles radioativos (como alumínio e mercúrio) que podem ser liberados e contaminar o ar, o solo e a água, devido a processos geológicos naturais ou pela ação humana.
Com o propósito de identificar a distribuição dos elementos químicos, o SGB realiza levantamentos de baixa densidade de amostragens nos estados brasileiros, por meio do Projeto Geoquímica MultiUso e disponibiliza os dados em Atlas Geoquímicos. As informações permitem avaliar a média de cada elemento químico na água, no solo, e em sedimentos de corrente (amostras no fundo de rios) e em alimentos. Assim, é possível identificar se há regiões com elementos em excesso, acima dos parâmetros do Ministério da Saúde, o que pode indicar possíveis doenças.
Levantamentos estaduais – O SGB já realizou estudos em 40% do país, o que corresponde a uma área de 3.300.000 km². As pesquisas cobriram totalmente 12 estados: Alagoas, Ceará, Espírito Santos, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Roraima, São Paulo e Sergipe. Foram cobertos parcialmente pelos levantamentos: Bahia, Goiás, Pará e Santa Catarina.
Além dos Atlas estaduais, foram elaborados Atlas das Bacias Rio das Velhas (MG), Subaé (BA), Rio Doce (MG), Rio São Francisco (MG), Rio Paranaíba (GO), estudos especiais em Santo Amaro e Boquira, na Bahia, e monitoramento dos rios Doce e Paraopeba, por ocasião dos desastres ocorridos em Mariana e Brumadinho.
As informações geradas a partir de amostras estão disponibilizadas no banco de dados corporativos do SGB, o GeoSGB. “Atualmente, tem-se o background dos 61 elementos/compostos químicos analisados, sendo um importante referencial para futuros trabalhos prospectivos, ambientais e de saúde pública”, explica o coordenador do Programa, Cássio Silva.
Núcleo de Comunicação
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